Histórico do CEEB

            Centro Espírita Eurípedes Barsanulfo

 

 

                        Fundado por Maria Aparecida Teodoro e Geraldo Divino Teles, em 17 de Junho de 1967, o Centro Espírita Eurípedes Barsanulfo completa neste ano (2016), 49 anos de existência. Para resgatar a memória e deixar para as gerações futuras, transmitindo a mensagem de que a histórica de cada indivíduo ou grupo de pessoas é feita de várias passagens.

 

TUDO COMEÇOU ASSIM

                       

                        Raimundo Martins da Silva e Ordália Marques foram os genitores de Maria Aparecida de Jesus, posteriormente após o casamento, passou a se chamar Maria Aparecida Teodoro, ou simplesmente Dona Maria.

                        Nascida em 07 de abril de 1940, natural de Hidrolândia-Go, tendo como irmãos, José Martins da Silva, Joaquim Martins, Júlio Martins e Maria Terezinha Marques. Seu genitor natural de São Gotardo – MG e sua genitora natural de Hidrolândia, foram católicos praticantes,   missas, novenas, carros de boi (Trindade), tudo que um católico verdadeiro praticava e tinha como fé.

                        Mas, algo mudaria a trajetória de vida da família de seu Raimundo e Ordália. Maria nasce em 07 de abril, aparentemente saudável, como os demais irmãos, mas com o passar de alguns meses chega a fase do caminhar. Mas, a criança Maria não tem a mesma desenvoltura, que as demais crianças de sua idade, pois logo perceberam que Maria foi acometida de paralisia infantil. Sua perna esquerda foi levemente afetada pela doença, e como naquela época, remédios, hospitais, tudo era difícil, Maria carregou consigo essa paralisia. Assim, para conseguir andar foi com muita luta e dedicação de seus irmãos.

 

CASAMENTO

 

                        Passados os anos, já estamos no ano de 1954, Maria encontra-se com quatorze anos e, já era noiva de José Otaviano Teodoro, mineiro, natural de São Gotardo. Casa-se com quatorze anos, em 01 de Outubro de 1956, parece algo errado na cronologia. Mas explico, Maria estava com quatorze anos, mas como não poderia casar, alteraram sua idade, alcançando o limite mínimo exigido por lei para que fosse realizado o casamento civil, ou seja, dezesseis anos. Maria teve quatro filhos, Jair Teodoro Silva, Adair Teodoro Silva, Maria Magdalena Teodoro e Antônio Marcos Teodoro Silva.

PRIMEIRAS MANIFESTAÇÕES

 

                        Após o casamento, Maria e seu esposo foram para sua nova residência, uma pequena casa, estilo colonial, piso de madeira, situada na rua Santo Antônio, no centro histórico de Hidrolândia. Nesta casa ocorreram às primeiras manifestações mediúnicas, Maria ouvia pessoas dançando “catira” em sua sala, falava para seu esposo e o mesmo dizia que não tinha ninguém.

                        Passado alguns dias, Maria viu um “homem” entrando em sua casa, em direção a um dos cômodos, pensou que era seu esposo, e disse: estou te vendo Juju[1], mas olhou novamente e não viu ninguém; saiu para fora de sua casa e, seu esposo que estava chegando, e contou-lhe o ocorrido, olharam novamente em todos os cômodos e não viram nada.

                        Mudaram para próximo da casa de sua mãe, dona Ordália, e não houve manifestações mediúnicas. Nova mudança, dessa vez, mudou para uma casa que tinha em anexo um bar. As manifestações mediúnicas retornaram, dessa vez, Maria ouvia barulho de garrafas, sendo mudadas de lugar. Maria pediu para que seu irmão José Martins fosse dormir com eles, assim foi feito. Todos dormiram naquela noite, menos Maria, que continuavam ouvindo (rastavam mesas, sofá, maquina de costura), chamou seu esposo e seu irmão, levantaram e não via nada, tudo estava em seu devido lugar.

                        Maria já estava com dezessete anos, seu primeiro filho já tinha nascido, mas continuavam vendo desencarnados e encarnados. Isto mesmo, Maria via também as pessoas vivas, que estavam em algum lugar, ou chegando em sua residência. Dizia paras as pessoas que estavam em sua volta: olha, tal pessoa esta chegando, estou vendo ele, aproximando de nossa casa, e assim acontecia.

                        Assim, foi a adolescência de Maria, durante o dia tentava fazer os serviços da casa, mas sempre fraca, corpo trêmulo, sendo que somente a noite conseguia fazer os serviços domésticos. Desta forma, Maria durante o dia tinha mais manifestações mediúnicas, fraca, deitava em sua cama de braços abertos e, logo via-se levantando (levitando) e chegando até o telhado, olhava para baixo e via seu corpo na cama, e logo descia, isso ocorreu várias vezes.

 

DESDOBRAMENTO ESPIRITUAL

PRONTO SOCORRO ESPIRITUAL SALOMÃO DE PAIVA

 

                        Mas, Maria começou a sair do corpo, em desdobramento espiritual e levado ao plano espiritual por dois espíritos, Rita de Cássia e Flores. Certa vez, Maria foi levada pelos mencionados espíritos a um Pronto Socorro Espiritual que se chamava Salomão de Paiva. Quando estava aproximando da colônia, Maria observava a paisagem escura, e um grande muro fazia a divisa da colônia, mas Maria não entrou pelo grande portão, chegou pelo alto, já dentro da colônia.

                        Quando colou os pés no chão foi rodeada por diversos espíritos sofredores (em tratamento) que pedia notícias de seus parentes, e Maria não sabia o que falar e uma voz em seu ouvido dizia-lhe: “diga a ela que sua família esta bem”, e assim fazia Maria. Logo aproximou uma senhora já idosa, perguntando pela sua família em São Gotardo[2], e a voz novamente, disse: “diga a ela que seus familiares estão bem”.

                        Foram juntando cada vez mais pessoas em sua volta, e uma voz chamou-a para ver onde estava, e Maria saiu e verificou que a Colônia Salomão de Paiva, era um pronto socorro que recolhia espíritos em estado de sofrimento terríveis, e que ficavam algum tempo em tratamento e depois eram transferidos para outras colônias. Fato importante aconteceu nesta visita espiritual, pois Maria foi rodeada de vários espíritos, todos desconhecidos, mas no meio de todos conheceu um antigo morador de Hidrolândia o Sr. Antônio Fel.

 

                        Em outro desdobramento espiritual, Maria foi levada a uma colônia e observando tudo, perguntou aos dois espíritos que lhe acompanhava sempre nas viagens espirituais, Rita de Cássia e Flores, se aquilo tudo que estava acontecendo com ela era verdade, se não estava ficando louca, se não era coisa de sua mente.

                        Mas, outro espírito respondeu: “Para você ver que tudo é verdade, não é ilusão, estude este livro, e entregou o mesmo nas mãos de Maria, o título era: Nos domínios da mediunidade de André Luiz.

                        Maria despertou e não viu nada em sua mão, sentiu-se muito mal e preocupada, achando que tudo era ilusão. Mas, algo iria mostrar que não era o que estava pensado. Pois, pouco tempo que despertou de seu desdobramento espiritual, recebeu uma visita. Sr. José Araújo, espírita, chegou para fazer-lhe uma visita e Maria foi logo dizendo: “Zé foi Deus que mandou você aqui”, e relatou o acontecimento, Zé Araújo lhe disse que realmente o livro existia e ia até a sua residência buscá-lo. E poucos minutos depois Sr. José Araújo chegava com o exemplar entregando-o para Maria. A partir deste momento Maria começou a estudar o livro, e percebeu que tudo que estava acontecendo com ela era verdade.

 

CURANDEIRO JOSÉ CAIXETA

                        Sua mãe, dona Ordália, muito preocupada com o que estava acontecendo, levou a filha (Maria) na residência do Sr. José Caixeta, curandeiro, residente em Goiânia, próximo da antiga estação ferroviária de Goiânia. Queria que o mesmo, “fechasse o corpo” de sua filha, mas sr. José, disse-lhes que não poderia e não tinha como fechar o corpo de ninguém, e disse que Maria era portadora de mediunidade, e no mesmo momento entre outras observações, receitou para Maria, um remédio que iria mudar sua vida, e escreveu em um pedaço de papel “leia o Evangelho Segundo o Espiritismo”, assim, no mesmo dia, seu esposo Juju, comprou o volume do tal livro.

                        Maria chega da viagem a Goiânia e vai direto para a casa de sua mãe, mostrando-lhe o livro, mas sua mãe disse-lhe que “não era para mexer com “aquilo”, pois somos católicas e católicos seremos até morrer”, Maria ainda pegou o livro por duas vezes.

 

PSICOFONIA

                        Assim, passaram-se os anos, entre manifestações e doenças, Maria contava com vinte e três anos e, outro acontecimento ocorreu que iria mudar radicalmente sua vida. Sua cunhada, irmã de seu esposo, conhecida como Vina, tinha câncer de útero, e foi diagnosticada pelo médico, dizendo que lhe restava menos de seis meses de vida.

                        Maria passou a dedicar aos cuidados de sua cunhada, trazendo a mesma para sua casa. Mas, aproximando os seis meses de sobrevida, Vina sua cunhada, desencarna. E, na noite que Vina desencarnou, Maria sentou-se ao do caixão, várias pessoas estava presentes, maioria católica; e Maria começa a sentir-se mal e desmaia, mas sua mãe percebe que a filha não estava desmaiada, e Maria começou a falar (espírito), cumprimentou as pessoas e falou “sou a Vina, não é a Maria que está falando”.  Dona Ordália diz: Mas como pode, você morreu; respondeu o espírito: meu corpo morreu, eu estou muito bem, não sinto dores... E neste ínterim, várias perguntas foram feitas.

                        Dona Ordália percebendo que algo estava acontecendo e sério, pediu que chamassem o Sr. Antônio Correia de Araújo[3], e de imediato chegou até o local do velório e pediu que retirassem a Maria daquele lugar, e foi levada para residência da mesma.

                        Já na residência o Sr. Antônio fez uma leitura de O Evangelho Segundo o Espiritismo, conversou com o espírito (Vina) e Maria melhorou. Mas as manifestações mediúnicas continuaram, e sua mãe Dona Ordália muito católica não quis chamar novamente o Sr. Antônio Correia, e pediu para que chamasse frei Aquiles.

FREI AQUILES

                        Chegando à residência, o Frei conversou com o espírito, perguntando como estava se sentido, como era a morte, conversou muito. Nesta manifestação o espírito (Vina) pediu ao Frei Aquiles que fizesse uma missa (Vina foi muito católica). Frei Aquiles respondeu que iria fazer a missa, mas que a Maria não poderia ir, e reforçou com a família, dizendo: não levem a Maria na missa.

                        Maria ficou muito fraca, sentindo as mesmas dores que sua cunhada Vina sentia. Na verdade Maria ficou impregnada de fluidos, sentindo-se como se estivesse molhada nas partes íntimas, levando-a a tomar banho várias vezes ao dia, mas logo passou esta sensação.  

                        Chega o momento de levar o corpo até a igreja, para que fosse realizada a missa. Maria percebe que o cortejo fúnebre estava para passar em frente a sua casa. E, logo começa a se arrumar, dizendo que iria a missa, seu esposo e familiares disseram que ela não poderia ir. Mas, Maria não deu atenção e foi para a missa.

                        Entrou, sentou-se e ficou observando as palavras do Frei Aquiles, logo perceberam sua presença e ficaram todos preocupados, inclusive o Frei, pois este, estava realizando a missa, mas sempre observando Maria.

                        Após este ocorrido, alguns católicos, não iremos mencionar nomes,  perguntaram ao Frei Aquiles, se era o demônio que estava com a Maria. Mas Frei Aquiles, respondeu que não, era o espírito da Vina que tinha comunicado. Foi um choque para a pequena comunidade de Santo Antônio das Grimpas[4], e imediatamente alguns católicos providenciaram um abaixo assinado para que fosse retirado da paróquia frei Aquiles. Assim aconteceu, Frei Aquiles foi transferido para o município de Piracanjuba, e logo depois abandonou a batina e dedicou a nova profissão.

 

FREI ADRIANO

 

                        Após a transferência de Frei Aquiles, assume em seu lugar frei Adriano, este utilizou o alto falante da Igreja Matriz de Hidrolândia, para atacar os espíritas, principalmente a família de Dona Maria. Dizia ele no alto falante “Vejam irmãos (quase gritando) uma família católica de Hidrolândia, foi iludida pelo preto[5] do Campo Limpo, que mata as crianças para assar e comer”, absurdo. E, isso durou um bom tempo.

                        Depois de vários anos, já na década de 1990, presenciei o mesmo frei Adriano, entrar pela porta da cozinha de Dona Maria, tomar café, comer um delicioso bolo caseiro, e relatar sua rotina na cidade de Professor Jamil[6], sua amizade com o preto[7] do passado.

 

FREI ALFREDO

                                               Outro frei que morava no seminário de Hidrolândia, era frei Alfredo. Foi benzedor e dava remédios naturais para as pessoas que consultava com ele. Frei Alfredo tinha um dom mediúnico, via as pessoas (por dentro), identificando muitos males. Via também os espíritos e quando alguma pessoa o procurava, e percebia que estava sobre a influência de algum espírito doente, Frei Alfredo dizia que esta pessoa estava com “encosto” e deveria procurar a Maria do Juju[8].

                        Como não é normal tais atitudes por um padre. Os seus superiores fecharam-no em um quarto no seminário local, e não deixou o mesmo atender ninguém, pois como ele sendo um padre, poderia mandar as pessoas para um centro espírita.

 

NOVOS RUMOS

                        Maria já com vinte e quatro anos, tinha amizade e também era comadre de dona Zenaide, e esta, disse a Maria, que iria levá-la a Campo Limpo[9], no Centro Espírita do Sr. Alirio. Maria combinou com a sua comadre e saíram logo bem cedo, pois o ônibus que levava ao Campo Limpo passava na Br. 153 bem cedo. Maria despediu de seu esposo e familiares dizendo aonde ia, e todos a pediram para que não fosse, mas Maria estava determinada.

                        Chegando ao Centro Espírita em Boa Nova, foi recebida pelo Sr. Alirio Eliseu Teixeira, Maria relatou todo o acontecimento e perguntou se ela iria curar. Maria recebeu o tratamento naquele dia, e perguntou ao Sr. Alirio que de agora em diante tudo ia ficar normal, se poderia continuar católica, pois pertencia ao Sagrado Coração de Maria. Sr. Alirio respondeu que poderia continuar, mas sua melhora seria gradual.

                        Maria, nos dias certos, estava em Campo Limpo para receber o tratamento espiritual. Mas, seus pais vendo que estava ficando difícil a locomoção, resolveram comprar uma casa[10], assim, Maria e seus familiares que a acompanhava no tratamento, ficaram bem acomodados. O tratamento durou mais ou menos três anos.

                        Importante, que ao mesmo tempo em que Maria recebia o tratamento, seu futuro companheiro de fundação do Centro Espírita Eurípedes Barsanulfo, o Sr. Geraldo Divino Teles (Nenzico), também estava recebendo tratamento espiritual no mesmo Centro Espírita.

                        Maria recebeu alta do tratamento e o mentor espiritual pediu que voltasse em tal dia para que participassem da reunião de desenvolvimento mediúnico. Assim, no dia aprazado Maria estava presente, e com surpresa, encontrou o Sr. Geraldo (Nenzico), que respondeu que o mentor pediu para que o mesmo participasse das reuniões de desenvolvimento mediúnico.

                        Sr. Geraldo Divino Teles era casado com a prima do esposo de Dona Maria, desta forma Sr. Geraldo e Dona Maria já se conheciam.

                        Dona Maria Aparecida e Sr. Geraldo Divino, passaram a freqüentar as reuniões de desenvolvimento mediúnico, todas as segundas-feiras, no Centro Espírita Amor e Caridade de Boa Nova[11]. Freqüentaram as reuniões durante um (01) ano, mas, as reuniões de desenvolvimento mediúnico e materialização, não estavam atingindo as expectativas dos irmãos de Santo Antônio das Grimpas[12]. Pois, para participar das reuniões, eram necessárias algumas observações e atitudes, principalmente com a alimentação, o que não estava acontecendo com alguns irmãos de Boa Nova. Então, Dona Maria e o Sr. Geraldo, decidiram pedir orientação espiritual.

 

EURÍPEDES BARSANULFO

                        O presidente do Centro Espírita Amor e Caridade, Sr. Alirio Eliseu Teixeira, atendeu ao pedido e marcou a reunião para a noite seguinte. Após a leitura do Evangelho Segundo o Espiritismo e proferida uma prece, o mentor espiritual cumprimentou os irmãos e Dona Maria dirigiu-lhe a palavra:

                        - Foi pedido que eu e meu compadre frequentássemos as reuniões de desenvolvimento todas as segundas-feiras, mas, o que foi pedido para os participantes da reunião, não foi obedecido. E, não estamos vendo sentido em deslocar de Hidrolândia para Boa Nova, pois, está ficando caro para nós. E não vejo progresso nenhum nas reuniões.

                        O mentor respondeu:

                        - Minha irmã fui eu que lhe inspirei para vir aqui, para nós conversarmos. Inspirei o nosso irmão Alirio, para que pedissem a vocês para freqüentarem as reuniões. Sabíamos que as reuniões não estavam tendo efeito algum, mas, era preciso que vocês freqüentassem as mesmas, para podermos avaliar a obediência e perseverança. E vocês freqüentaram as reuniões durante um ano e não faltou nenhuma reunião.

            Após uma pausa, o mentor prosseguiu:

            - Foi feito no plano espiritual (há muitos anos) um compromisso sério, que vocês iriam reencarnar, para fazer o trabalho em Santo Antônio das Grimpas. Vocês foram preparados no plano espiritual para realizar esta tarefa.

Continuou o mentor:

- Eu entrei em contato com Antônio de Pádua que é o padroeiro e diretor espiritual de Hidrolândia e pedi a permissão para fundar o Centro Espírita na cidade. Então minha irmã, no plano espiritual está tudo organizado...

            Assustada com a revelação, Maria (muito jovem) questiona:

- Mas irmão...

            O mentor espiritual rebateu:

- Nem mais, nem menos...

Insisti a irmã:

            - Não é isso, não é negar sua ordem, mas como vou fundar um Centro Espírita, se não sei nada.

Esclarece o mentor:

            - Se você soubesse você não iria fundar o trabalho. O que você e o irmão Geraldo não vão fazer. Outra coisa, trabalho espiritual não faz em casa, tem que procurar um local apropriado.

O mentor espiritual continuou esclarecendo:

            -  Vocês irão para Hidrolândia fundar este trabalho, não têm que obedecer ninguém que queiram impedir de vocês trabalharem espiritual, vocês tem que trabalhar sobre as bases de Kardec; você e o Geraldo vieram para fundar este trabalho.

Continua o mentor:

            - Minha irmã vocês vão fundar este trabalho, vão ter muitos companheiros, muitos vão embora e outros vão ficar até desencarnarem. Vocês já podem ir para Hidrolândia, poderá minha irmã pedir orientação espiritual, pois, vocês serão atendidos no plano espiritual. Irmã nunca se esqueça de rejeitar 99 verdades, para não aceitar uma só mentira.

A irmã insistiu:

-                                 Meu irmão, não vejo em mim capacidade para realizar este trabalho.

O mentor esclarece:

            - vocês vieram do plano espiritual para realizar este trabalho em Santo Antônio das Grimpas. A responsabilidade é de vocês...

O mentor espiritual adverte pelas dificuldades que irão encontrar:

            - Minha irmã você vai encontrar muitas dificuldades, você vai ser rejeitada, até mesmo pelos que se dizem seus amigos, mas, o seu compromisso é de ajudar; hoje seu amigo pode te rejeitar, mas, amanhã ele pode bater em sua porta, e o seu trabalho é de recebê-lo com carinho e abnegação.

O mentor finaliza a conversa:

 

- Minha irmã vai e não se esqueça que o Evangelho é a bússola que vai orientar o seu caminho. “Por agora não se esqueça de nada que falei, e quem vos fala é este Servo de Cristo, Eurípedes Barsanulfo, vou estar sempre com vocês, orientando no cumprimento desta tarefa, mas, a tarefa é de vocês”.

                        Maria e Geraldo nesta noite pousaram em uma pensão em Campo Limpo, não conseguiram dormir, pois o que lhes foram revelados era muito sério, fundar uma casa espírita.

                       

A FUNDAÇÃO

 

                        Chegaram a Hidrolândia e relataram para suas famílias. Como já se passara quase dez anos que Maria tinha manifestações mediúnicas, sua família percebeu a seriedade do que estava acontecendo. Por sua vez, o Sr. Geraldo relatou o acontecido com seus pais, e sua mãe já espírita, foi toda receptiva, e num desdobramento natural dos trabalhos mediúnicos praticados, desde a década de 1960, na residência de Dona Maria e depois na residência do Sr. Geraldo Divino Teles (Nenzico), não poderia ser realizado em uma residência, tinha de ser em local apropriado. Gentilmente o Sr. Nestino e família ofereceram um barracão situado à Rua Alfredo Nasser, ao lado de sua residência.

                        Com muita alegria, foi escolhido o dia 17 de julho de 1967, para inauguração da instituição. No barracão cedido a instituição funcionou por alguns anos.

 

PSICOGRAFIA

 

                        Neste período que o Centro Espírita funcionava no barracão do Sr. Nestino, Maria em sua casa começou a receber mensagens de espíritos diversos, por meio da psicografia. Dentre as mensagens recebidas, tinha um espírito que se identificava como Meimei, mensagens estas de carinho e conforto. Maria continuou a psicografar, mas chegou um momento, que não estava tendo tempo para dedicar à psicografia, pois o número de pessoas que a procuravam só aumentava. Assim, sem experiência, acabou queimando todas as mensagens recebidas, inclusive as de Meimei, pois também nunca ouvira falar desta grande alma que é Meimei.

 

MUDANÇAS

 

                        Assim, depois de alguns no barracão do Sr. Nestino, a instituição teve que mudar de endereço, desta vez instala-se no antigo casarão (demolido) da Companhia Magnesita[13], situado à Rua Joaquim Pires de Miranda. Mas, não demorou muito e nova mudança à vista, dessa vez os trabalhos foram transferidos para um barracão de propriedade do Sr. José Martins da Silva irmão mais velho da Dona Maria, situado à Rua José Amâncio de Souza Pinto. Já passados alguns anos, o Sr. Raimundo Martins da Silva, (pai de Dona Maria) fez a doação de um terreno, tijolos, madeiras e telhas, para construção da sede do Centro Espírita Eurípedes Barsanulfo, e muito colaborou com seus serviços de pedreiro o Sr. Juju, esposo de Dona Maria.

                        Mas, o Centro Espírita Eurípedes Barsanulfo passou a existir juridicamente a partir de 10 de junho de 1973, quando foi registrado o seu primeiro estatuto, no Cartório de Reg. Pessoas Jurídicas, Títs. Docs. Protestos da 2ª Zona de Goiânia – GO.

 

AMPLIAÇÕES E REFORMAS

 

                        Após a construção da sede no ano de 1973, a instituição permaneceria com a mesma estrutura por duas décadas. Já na década de 1990, o Centro passa por uma ampliação, praticamente dobrando o seu tamanho. E, posteriormente entre os anos 2004 a 2008, o Centro ganha uma nova sala de evangelização, banheiro, sala para livraria e bazar, e também uma nova pintura. Tudo isso foi possível, graças à colaboração de várias pessoas que não mediram esforços para contribuírem pela causa do Cristo.

                        Eurípedes Barsanulfo mentor espiritual desta Instituição, já tinha previsto no início, que muitos companheiros iriam chegar e ficarem até o final, isto é, até a sua desencarnação, e outros chegaram, mas não ficariam por muito tempo. Em relação aos companheiros que chegaram e desligaram de suas atividades pelo motivo da desencarnação, não poderíamos de mencionar estes irmãos que muito colaborarão pela divulgação da doutrina e pelo amparo aos que chegavam ao Centro. Assim, nosso muito obrigado aos trabalhadores que nos deixaram, para retornarem a pátria espiritual, quais sejam: Rita Marques, Antônio Correia (colaborou muito na fundação do CEEB), Dona Iracema (esposa do Sr. Antônio Correia), José Teodoro (foi presidente por várias vezes, e diretor de estudos por muitos anos), Wilmar Cantuária (foi presidente e evangelizadora), Sebastiana Ambrosina – Tianinha (evangelizadora), Maria Barreto (fez parte da diretoria por muitos anos), Sebastião – Tiãozinho (palestrante e coordenador campanha Auta de Souza), Sr. Marinho (palestrante), Dona Sebastiana Siqueira, Vitor Soares, Martins Santana, Antônio Fernandes, Miguel Lopes, Benedita Amélia Lopes, Maria Benedita Teles, Raimundo Martins (pai de Dona Maria), Ordália Marques (mãe de Dona Maria), José Otaviano Teodoro – Juju (esposa de Dona Maria) e Marlon (que muito colaborou com seu exemplo de resignação e alegria).

 

 

PRINCÍPIOS BÁSICOS

 

                        Suas diretrizes básicas são as orientações do codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, e os ensinos contidos nos Evangelhos de Jesus, tendo como fim à divulgação e prática do Espiritismo. É um grupo legalmente constituído, de acordo com as leis vigentes no país que envolve instituições

religiosas e filantrópicas.

                        O Centro Espírita Eurípedes Barsanulfo é dirigido por uma Diretoria e esta,  reúne-se trimestralmente para tratar de possíveis problemas que venham prejudicando o bom andamento dos trabalhos, como também para discutir e formular novas atividades.

                        Toda a manutenção financeira da Instituição é realizada pelo quadro de sócios. Nada é cobrado dos freqüentadores da casa, seguindo o preceito de Jesus: dar de graça o que de graça receber.

                        Hoje, a Casa está organizada por departamentos, cada um deles cuidando especificamente de uma parte do trabalho, dentre os quais podemos destacar: a divulgação da doutrina espírita, através da livraria, biblioteca, encontros[14], palestras públicas, estudo sistematizado da doutrina espírita (ESDE), evangelização infanto-juvenil, assistência espiritual, Mocidade[15] (grupo de jovens), Promoção Social, com a distribuição de roupas usadas e um kit de enxoval[16] para recém-nascidos.

 

Escrito por: Antônio Marcos Teodoro Silva

Fonte: Entrevista com Dona Maria Aparecida Teodoro, concedida a Antônio Marcos T. Silva em 28 de Junho de 2007 e 10, 11 e 12 de Julho de 2010.

Livro de Atas n º 01 02 e 03 do Centro Espírita Eurípedes Barsanulfo.

Livro de Atas nº 01 da Mocidade Espírita Meimei.

 


[1]  Juju era um apelido de seu esposo.

[2]  O esposo de dona Maria era natural de São Gotardo, coincidência talvez.

[3]  Sr. Antônio Correia de Araújo foi o primeiro prefeito de Hidrolândia eleito por sufrágio popular e era espírita.

[4]  Santo Antônio das Grimpas foi o primeiro nome de Hidrolândia;

[5]  Referia-se ao Sr. Alirio Eliseu Teixeira, presidente do Centro Espírita Amor e Caridade.

[6]  Campo Limpo.

[7]  Refere-se ao Sr. Alirio. Vale ressaltar, que após muitos anos, Frei Adriano foi transferido para Professor Jamil e, lá pediu desculpas ao Sr. Alirio chegando a convidá-lo para conhecer sua paróquia.

[8]  Apelido que dona Maria herdou de seu esposo.

[9]  Hoje recebe o nome de Professor Jamil, e o Centro Espírita Amor e Caridade ficavam no bairro de Boa Nova.

[10] Hoje não existe mais esta casa, mas a mesma ficava bem em frente ao Centro Espírita Amor e Caridade.

[11] Boa nova nesta época fazia parte do Distrito de Professor Jamil, pertencente ao Município de Piracanjuba.

[12] Os primeiros colonizadores vieram da Capitania de  Minas Gerais, e começaram a chamar a região de “Grimpas”, devido a sua altitude, e como o povoado ia crescendo gradativamente ao redor da capelinha erigida em louvor a Santo Antônio. Daí provem o antigo nome “Santo Antônio das Grimpas”.

[13] Empresa de mineração de Belo Horizonte – Minas Gerais, que explorou por muitos anos minérios na Serra do Morro Feio no município de Hidrolândia.

[14] Foi realizada entre os anos de 1979 a 1981 a “Semana de Kardec”, sob a coordenação de José Martins da Silva. Após vinte anos, a Mocidade Espírita Meimei criou e organiza desde o ano de 2002 o “Encontro Espírita Pensar Jesus”, no qual são realizadas palestras, cursos, seminários e atividades artísticas.

[15] Mocidade Espírita Meimei, fundada em 19 de fevereiro de 1984.

[16] A campanha do enxoval teve início em 1978 com entrega de mais de 08 kits de enxovais; era conhecida pelo nome de “Campanha do Enxovalzinho” e era composto por um Kit: 6 fraldas, 6 flanelas, 4 foguinhos, 2 par de sapatinho, 2 toucas e 1 lata de talco. A campanha continua até hoje são mais de 30 anos tendo como nome Campanha do Enxoval Irmã Scheilla.